sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Duas velhas a discutir...

Estamos quase a completar duas semanas aqui em Maputo.

Acompanhado desta equipa espectacular, tenho conseguido passar estes dias sem problemas e com muita camaradagem à mistura, temo-nos divertido muito. Somos todos diferentes, mas ao mesmo tempo também somos iguais! Estamos no mesmo barco e, talvez por isso, os dias passem rapidamente, nem damos conta das horas, das conversas que temos durante o dia e à noite ... quando damos por ela já são duas ou três da manhã. Nestas conversas vou sublinhar duas pessoas: o Mário (responsável técnico) e o Abílio (realizador), e porquê? Porque parecem duas velhas a discutir, é incrivel! Quando embalam, não se calam e quando ambos discordam de alguma coisa e puxam a brasa à sua sardinha parecem duas velhas. Ou melhor, estão a ver os dois cotas dos Marretas a discutir?

É claro que há mais pessoas na equipa, somos cinco ao todo, mas em breve seremos quatro. O Pedro (operador do carro satélite) vai-se embora para a semana, com muita pena minha, porque simpatizei com ele desde o primeiro momento e temos tido grandes conversas. Por acaso somos parecidos em alguns aspectos, como por exemplo a música. O mais engraçado é que já perguntaram se eramos irmãos, deve ter sido pela barba por fazer.
Outro gajo é o Neves (editor), também muito boa pessoa, mas nunca vi ninguém tão despassarado como ele, no bom sentido, claro! É daquelas pessoas que não se vê todos os dias, em que a inocência reina. Isto é, sabes que não faz mal a ninguém e que está sempre pronto a ajudar o próximo.

Voltando ao Mário, posso dizer que está no lote das pessoas que mais respeito neste mundo. Conhece-me praticamente desde os doze anos, azar porque acabei por trabalhar com ele ... e neste caso já lá vão uns 10 anos, nunca directamente como estou a fazer agora. Muito do que eu sei aprendi também com ele e espero vir a aprender muito mais ainda com esta oportunidade que ele me deu. É por causa dele que vim para Moçambique e, por isso, não o quero desiludir.
E agora o Abílio, um profissional de excelência, dos maiores realizadores de mundo, um dinossauro da RTP, um companheiro de copos, vai ser outro dos meus professores durante esta estadia, porque sei que posso aprender muito com ele. Até porque ele também vai dar formação aqui ao pessoal de Moçambique e, claro, vou-me colar. Só o conheço há uma semana, mas é daquelas pessoas que dá prazer ouvir quando se está numa conversa, porque está disposto a ensinar o que sabe ... e o que aprendeu durante os trinta anos em que trabalha nesta área. Espero mesmo aprender muito com ele. Aliás, umas das razões que vim foi querer saber mais, por isso junto o útil ao agradável.

E pronto falto eu, um mísero operador de câmara que quer aprender, aprender e aprender! Nunca é demais saber coisas novas e por isso apostei nesta experiência única, onde tive sorte. Sorte com as pessoas que vieram comigo, sorte nas pessoas que deixei para trás, mas que acima de tudo me apoiaram.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

E lá passou uma semana...


Uma semana depois, posso dizer que eu e os meus colegas estamos completamente integrados em Maputo. Já toda a gente nos conhece, até já somos motivo de risota, isto porque cinco brancos dentro de um carrito estilo nissan micra, não se vê todos os dias aqui. À conta do "boginhas", como nós chamamos ao pequeno carrito, toda a gente nos cumprimenta.

Finalmente, na sexta, fizemos o nosso primeiro trabalho com os camiões, um concerto no Teatro Avenida, em plena baixa de Maputo, onde gravámos "live on tape" o concerto do mundialmente famoso Robson, um cantor brasileiro que canta músicas de Roberto Carlos. Três horas de concerto com uma câmara ao ombro, mais de cinquenta músicas, claro que acabei completamente de rastos o concerto, mas valeu a pena ouvir os agradecimentos do realizador no final. Primeiro teste passado com distinção! O que ninguém sabe é que antes do concerto, a equipa tuga anda a mamar uns quantos whyskies triplos, e porquê? Eram de borla! E como grandes tugas que somos: "ai é? Então passa para cá umas garrafas. Às tantas tinhamos a produtora moçambicana, mais conheçida por "Páscoa", a dizer: "aqui em Moçambique só bebemos depois do trabalho", ao qual nós respondemos: "pois, mas nós para trabalhar bem temos de beber antes".

O que realmente aconteceu, o trabalho ficou excelente, nada a que esta gente esteja habituada. Mas, sinceramente, nem tudo correu bem! A produção neste sítio não existe, já damos graças às produtoras em Portugal, de que tanto dizemos mal. Afinal, comparando com isto até trabalham. Acordámos às cinco da manhã para irmos para o teatro por causa dos carros, tinhamos de estacioná-los em frente ao teatro. Apanhámos sete horas de seca, porque não tinhamos lugar para estacionar e tivemos de esperar que as pessoas ao longo da manhã tirassem os carros. Só por volta das duas da tarde tinhamos conseguido os lugares para estacionar os camiões. E pronto, o resto foi montar o material, testar tudo e esperar pelo concerto.

Já este fim de semana, não fizemos a ponta de um corno. Passámos o dia no resort a tomar banhos de sol, a ir para a piscina, a comer tostas mistas, a beber umas imperiais, a ver filmes, nada de produtivo como se vê. Hoje, segunda-feira, vamos finalmente testar o carro satélite, só isso, porque depois vamos para onde? Piscina! E vai ser passado assim o resto do dia.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Lata de sardinhas Branca com 5 brancos la dentro


Pois é, cá estou eu em Maputo. Uma nova vida, uma nova experiência e novos amigos. Tenho saudades do que deixei para trás, principalmente das pessoas e mais do que tudo da minha "mokinhas".

Já passaram três dias, mas tb já me aconteceu de tudo, a começar pelas 10 horas de viagem de avião. Logo na primeira refeição, comi o tão esperado marisco e uma bela de uma garoupa no mercado do peixe - comecei bem - já agora, também já marchou uma pizza. Conhecemos o resort onde vamos morar nas primeiras duas semanas... eh eh tem piscina e claro, internet ( hackeada ). Mas continuando, na segunda tivemos o primeiro contacto com o nosso carro de exteriores, e claro fizemos a visita guiada aos vips da TVM (Televisão de Moçambique), e já pusemos uns a mudar o primeiro pneu furado do camião, claro está que quando acabaram o trabalho (passado duas horas), a primeira coisa que disseram foi "hoje não fazemos mais nada". Ah, e por último, conhecemos o nosso "boginhas". Na terça-feira, conhecemos as novas instalações onde vamos trabalhar, cujo dono nem vou comentar, pq só me apetece é #$%#$%# (tem um pouco a mania). Tb tivemos a ver umas casitas onde iremos morar, gostamos de uma, em cinco que vimos e claro que vamos ter tudo de borla, porque temos um certo senhor que paga tudo, até os 500 litros de gasóleo que metemos nos camiões. Hoje, finalmente estivemos algum trabalho, nada de especial, tivemos a testar os carros e as câmaras, e pelo vistos estava tudo a bombar. E foi só isso.

No fundo está tudo a correr bem, até parece que a equipa ja se conheçe há anos, damo-nos todos muito bem ( somos 5 tugas), já aprendi nestes 3 dias mais do que num ano, finalmente não me sinto estagnado profissionalmente, os locais são pessoas muito simpáticas, mas claro está, nem tudo são rosas, no meio de tanta pobreza e pronto, as saudades de casa começam a apertar, nem quero pensar daqui a 3,4,5,6 meses. Por agora é tudo, de certeza que me esqueci de dizer alguma coisa, mas sabem que para me exprima não sou lá muito bom.

Beijinhos e abraços com muitas saudades.