segunda-feira, 22 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Maputo

A capital moçambicana tem, actualmente, mais de um milhão de habitantes - quase dois contando com a periferia - mas em toda a área central é possível sentir o curso da vida sem a pressão e os atropelos característicos de uma grande cidade. O quotidiano das ruas é um testemunho exemplar da luta pela sobrevivência da gente moçambicana, uma multidão de vendedores ambulantes expõe sobre os passeios ou carrega uma variedade de mercadorias que respondem a quase todas as necessidades, tanto dos turistas como dos moçambicanos, desde fruta tropical, carregadores de telemóvel, artesanato, relógios de marcas famosas em contrafacção, roupas, caju torrado, etc. Se formos a ver, este é o sustento de grande número de famílias e é o que confere à cidade uma animação permanente.


Ontem, para variar um bocado a rotina que já temos em Moçambique, eu e o Guedes resolvemos dar uma volta por Maputo, só mesmo para tentar conhecer mais esta bela cidade parada no tempo. Pegámos no "Picacho" e lá fomos nós desde a baixa até à costa do Sol. Começámos por ir comprar peixe e algum do tão apetecido camarão-tigre no Mercado do Peixe, onde fomos logo rodeados de vendedores, cada um a pregar o "maior, melhor e o mais fresco"! O tamanho conta, mas a prova dos nove é da competência das papilas gustativas, por isso tentámos escolher o melhor que podiamos ... e depois logo se vê, imaginam dois homens a comprar peixe. Posso dizer que para já escolhemos bem o camarão, porque ficámos de barriga cheia ao jantar.


E lá fomos nós pela Marginal, uma avenida que tem fama, proveito e estatuto para início ou fim das noites mais agitadas de Maputo ... e muito devagar fomos apreciando a praia, a sentir o cheiro da maresia salgada. Demos uma volta pelo conhecido e histórico restaurante Costa do Sol, activo desde a década de 30, onde se pode provar o belo do marisco. Voltámos à estrada por pouco metros ... e nova paragem para aproveitar a praia, sentir a areia e molhar as mãos nas águas cristalinas. Durante o passeio ainda tirámos umas fotos a alguns pescadores que atracavam o barco, e outros tantos que procuravam ameijoas e outros crostácios na maré baixa.


Acabando a Marginal chegamos à baixa, onde deparamos com uma cidade parada no tempo, mais precisamente nos anos 20 ou 30 (tentei pesquisar e ainda não tenho a certeza). Muitos edifícios inspiram uma época esquecida, basta ver o estado de degradação de muitas destas preciosidades arquitectónicas. Podemos ainda encontrar muitos pontos turísticos - o itinerário começou pela velha Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, que conserva no interior alguns canhões e outros elementos do tempo colonial, além de uma estátua de Mouzinho de Albuquerque. Junto à Fortaleza tentámos encontrar o grande mercado de artesanato que fica na Praça 25 de Junho, mas logo descobrimos que só tem lugar aos sábados - nada de preocupante, vamos lá este fim de semana. Passámos ainda pela estação ferroviária, pelo edifício dos correios, pelos inúmeros cinemas que noutros tempos estariam com filas de público ávido de teatro e cinema. Acabámos com uma vista de olhos pela Câmara Municipal e a imponente Catedral de Maputo, onde o tempo relembrou a hora de almoço ... para depois (infelizmente) irmos trabalhar.

Foi uma manhã fora da rotina e mesmo sete meses depois de ter chegado, Maputo ainda me deslumbra tanto pela história (presente em praticamente todas as ruas), como também pela hospitalidade do espaço e das pessoas, quase sempre com um sorriso à flor dos lábios, fazendo de Maputo uma das cidades mais agradáveis de África.