segunda-feira, 23 de março de 2009

Songo, Cahora Bassa

A Vila do Songo é a sede do distrito de Cahora Bassa, localizado na província de Tete. É aqui, a cerca de uma dezena de quilómetros da vila, que se situa a Hidroeléctrica de Cahora Bassa.


Trata-se de uma vila onde tudo se confunde com a própria história do gigantesco empreendimento. Dizem que é a vila mais iluminada de Moçambique! - E é verdade: por todo o lado vemos candeeiros devido à proximidade de Cahora Bassa. Com um tempo ameno - não costuma passar dos 25º - é um sítio onde se pode descansar. Inicialmente, o Songo começou por ser apenas um dormitório para os trabalhadores da barragem ... mas muitos acabaram por ficar e ainda vivem nesta pacata vila, onde só vemos pequenas vivendas com quintais, quase escondidas por entre o verde abundante.

Chegando à barragem de Cahora Bassa, deparamo-nos com vales e serras maravilhosas completamente virgens ... e lá em baixo está mais um monumento natural, o rio Zambeze. Um rio que passa por cinco países e que, juntamente com a albufeira da barragem, nos dá a oportunidade de admirar uma das mais belas paisagens que a natureza oferece. Tanto na albufeira como ao longo do percurso fluvial, conseguem avistar-se crocodilos, hipopótamos e outros répteis. Infelizmente, não consegui ver nenhum devido à falta de tempo. O rio é ainda palco de importantes pescarias, não só para locais como para turistas, por causa do peixe capenta e do peixe tigre, ambos deliciosos ... como comprovei!


Ficam aqui algumas fotos dos três dias que passámos no Songo ... e também dos belos momentos a recordar. Partimos já com saudades e com a promessa de lá voltar.

terça-feira, 17 de março de 2009

5200 km depois...

Esta semana tenho muito para escrever, mas vou tentar abreviar para não parecer um testamento. Tarefa difícil, pois nestes 10 dias em que tive fora de Maputo, viajei cerca de 5200 km - 3600 km de avião e 1600 km de carro (mais precisamente de pick-up, porque grande parte da estrada estava imprópria para cardíacos, cheia de buracos ou então em terra batida). Estive em sítios onde não existe nada ... em civilizações onde não se passa nada, onde só se pode passear ou conversar com os amigos que nos acompanham e que ganhamos no dia-a-dia.



Durante estes 10 dias fiz dois jogos de futebol em directo, sendo que um deles foi a abertura do Moçambola, com espectáculo incluído! Fiz também três programas em directo e duas "grandes reportagens" de 30 min cada, para a TVM. Parece pouco, mas não é tendo em conta que fazia cerca de 400 km por dia, com viagens que chegavam a durar 6 horas. A primeira paragem foi Tete, no norte de Moçambique, também conhecido pelo rio Zambeze, onde se pode ver crocodilos e hipopótamos. Fizemos os jogos e os programas debaixo de quase 40 graus de temperatura! É uma das cidades mais quentes de Moçambique ... e para variar apanhei mais um escaldão, desta vez na testa, nada de especial comparado com os outros.



Também estive no Songo, localidade conhecida pela barragem de Cahora Bassa, uma das maiores do mundo. Uma oportunidade digna de um sonho! Como os jogos foram ao fim-de-semana, 3 dias depois de chegarmos fomos para o Songo descontrair e ficar a conhecer mais um pouco deste belo país. Como tinha reportagens para fazer, um dia depois tive de ir para Tete ... seguindo a rota para Chimoio, a cerca de 200 km. Uma viagem de 6 horas numa estrada de terra batida completamente esboracada, onde não cabem dois carros e se dá passagem obrigatória aos camiões enormes que entram em Moçambique pela Zâmbia e pelo Malawi. Estão-se completamente a "cagar" para quem está na estrada - nós é que tinhamos de parar para os deixar passar, muitos a andar a mais de 160 km/h. Senti-me uma formiga ao lado destes monstros da estrada!



Juntamente com um jornalista da TVM, fiz duas reportagens sobre os clubes de futebol do Songo e do Chimoio. Tornei-me sócio do HCB - clube da Hidro-eléctrica de Cahora Bassa - que existe há cinco anos e este ano subiu à primeira divisão. Como é óbvio, as reportagens não foram só sobre os clubes: tivemos de filmar as cidades, paisagens, entrevistar pessoas sobre o impacto do Moçambola nas cidades, o ponto de vista de diversos empresários, até um motorista de um "chapa" entrevistei ... e para minha alegria consegui andar durante um tempo naquele transporte público moçambicano! São terras sossegadas ... onde reina a calma ... onde tudo se faz para amanha ... quase não se faz nada, nem se encontra nada para fazer, a não ser passear. E foi isso mesmo que aproveitei: consegui ver paisagens como nunca pensei ver, estive em aldeias no meio do nada onde conheci pessoas espectaculares, miúdos sempre com um sorriso na cara, que me provocaram alegria e tristeza em simultâneo ao imaginar as condições em que vivem - e mesmo assim conseguiam ter alegria no rosto, nem que fosse por brincarem com um "branco".


Fica aqui a promessa de nos próximos dias pôr mais fotos das cidades, paisagens, pessoas ... e uma breve descrição dos momentos que passei. 5200Km depois, é tempo de descansar no confortável 9º andar da Mao Tse Tung ... estou que nem posso!