terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Há coisas fantásticas, não há?

Meu querido diário...

Hoje, dia 12 de Dezembro de 2008, fui gravar o Festival do Top NGOMA, um programa de rádio de novos talentos da música da Rádio Moçambique. Actuaram quinze bandas e durou praticamente 3 horas, sinceramente acho foi que um bom trabalho. Acordei às sete da manhã - eu e os meus colegas tinhamos de estar às oito no Pavilhão Desportivo de Maputo para começar a montar o carro de exteriores. Mais uma vez os nossos colegas da TVM não foram capazes de ajudar, quer dizer ajudaram ... mas muito pouco. Logo, houve três macacos que não paravam.

A montagem correu bem, claro que já estava com as minhas "trombas" no auge, não valia a pena falar comigo. Resmunguices atrás de resmunguices, comecei a querer tirar partido da situação. Falei com o Mário e o Neves ... e vai começar a festa!!! Começámos por pegar nos punhos de zoom e foco e respectivos cabos, e baralhámos tudo na montagem. Completamente o oposto de como se deve montar a câmara: enrolámos os cabos uns nos outros e deixámos as câmaras, como ninguém quer a coisa. Testámos tudo e, como sempre, estava tudo a bombar! Finalmente, às três da tarde fomos almoçar. Lá estavámos nós ... sentados nas caixas das câmaras, atrás do camião de apoio, a comer meio frango com batatas fritas, estava tudo frio. Ao menos alguém conseguiu comer o franginho ainda quentinho, a saber mesmo bem com as batatinhas fritas acabadas de fazer, os nossos grandes camaradas, grandes colegas de trabalho da TVM, que à uma da tarde já estavam no barzinho à espera do almoço.

Este é o meu ponto de vista:
depois de montar o carro, não estava em condições de operar uma câmara, quanto mais uma portátil num concerto. Por isso, tentei descansar um pouco nos pequenos momentos em que não se passava nada. Com o entardecer, por volta das sete, e a vinte minutos de começar o festival, começou o stress. Não meu, nem do Neves, nem do Mário, mas sim dos nossos queridos colegas operadores de câmara, e porquê? Foi a altura em que lhes perguntei se já tinham ido às câmaras ver se estava tudo bem. Um puto de dez anos, era como me estava a sentir naquela altura e fui surrateiramente para a minha câmara, completamente estafado, mas com um sorriso que quase dava a volta à cabeça.

Entalei o cabo da câmara no cinto das calças, coloquei os auscultadores na cabeça e a câmara no ombro e lá estava eu preparado para três horas, a correr de um lado para o outro, a agachar-me para as outras câmaras não me apanharem, praticamente como um malabarista num circo. E começou o meu stress, não tinha som nos auscultadores (termo técnico: não ter retorno do carro de exteriores para a minha câmara). Perdi conta às vezes em que apontei a câmara para a minha cara e mimicamente tentava avisar o pessoal do carro que não ouvia nada do que o realizador dizia ... tal e qual um jogo de mímica em que um gajo faz figura de parvo! Aconteceu-me de tudo: além de já estar estoirado, devido à montagem, não tinha som nos auscultadores, o realizador punha-me no ar quando estava a descansar um bocado - isto é, com a câmara a apontar para o chão - estava minutos com o mesmo plano sem me tirar do "ar", até o cabo ficou entrelacado numa das torre de iluminação ... e claro, estar completamente às "cegas" por não saber quando iria para o ar. Mas tá-se bem! No fim sei que fiz um bom trabalho, merecedor de umas valentes férias. Ainda estou com o corpo completamente dorido.

E agora o ponto de vista do Mário e do Neves:
lá estavamos nós, a vinte minutos de comecar o concerto, quando o Resende se lembra de perguntar aos operadores se já tinham testado as câmaras. Simplesmente olharam uns para os outros e foram para as respectivas câmaras, mal sabiam eles o que esperavam. Já dentro do carro começou o Festival ... e mais ou menos dez segundos depois estavámos a olhar para um dos monitores a ver o Resende a avisar pela câmara, que não tinha retorno de áudio. Olhámos um para o outro e ambos dissemos: "ele sabe o que faz, não há problema". Começa o Festival, acendem-se as luzes, o Mário mete as mãos na cabeça e diz: "tou lixado outra vez com m...... da luz".

Era um sobe e desce de diafragmas, ganhos e RGBs, até que nos apercebemos que o realizador da TVM estava completamente à toa com as cinco câmaras que tinha disponíveis para pôr no ar. Habituado a realizar com no máximo três câmaras e com uma pessoa a ajudar na mistura de imagem, foi tal a confusão que às tantas começámos a ver barras, negros e trocas de câmaras (com pedidos de desculpa do realizador ao operador de mistura) a entrar no PGM final. Olhavamos um para o outro e riamos: "só visto"! Até chegou a pedir para fumar um cigarro dentro da regie ... ao que o Mário respondeu: "NÃO". Durante as três horas, o homem passou-se, levantava-se da cadeira a olhar para os monitores fixamente, sem saber qual das câmaras pôr no ar e nesses momentos a câmara 1, que era o plano geral, ficava eternidades no ar. Escusado será dizer que no final o homem ficou deliciado com o excelente trabalho que julga ter feito. Será?...(perguntamos nós).

Meu querido diário...

Hoje dia 16, finalmente enchi-me de coragem e lá estou eu a escrever este post, a recordar aquele dia hilariante. Nunca vi nada assim, mas diverti-me, ou melhor divertimo-nos! E claro, no que toca a nós, este trabalho até correu muito bem, dadas as condições e não me canso de dizer: somos poucos, mas bons. Neste momento, estamos esticados no sofá, o Neves com sua água tónica (por causa da Quinina - dizem que é bom contra a Malária), eu a escrever o post e a ver o Natal dos Hospitais na RTP Internacional ... quase prontos para ir comer uma sopinha e a seguir deitar ... é que ainda estamos a sofrer da estica do Festival. A idade não perdoa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Confere! Era o Natal dos Hospitais!

eh eh eh