sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ilha de Moçambique

Ora bem, o que posso eu dizer sobre a Ilha de Moçambique? Além de estar completamente apaixonado por ela e, por isso mesmo, ter obrigatoriamente de lá voltar com mais tempo! Quero passear mais, visto desta vez o pessoal ter preferido ir para a praia – o que não foi uma má ideia – mas, sinceramente, eu preferia ter ficado o dia todo a ver as maravilhas da ilha.



Considerada Património Mundial da Humanidade pela Unesco, em 1991, esta pequena Ilha de cerca de 3 km de comprimento e 400 de largura, foi um importante porto para os navegadores portugueses na época dos Descobrimentos. E não só! Outrora capital de Moçambique, a cidade está dividida em duas partes: a "cidade de pedra" e a "cidade de macuti". Atravessada a ponte que liga o continente à Ilha, deparamo-nos logo com a "cidade de pedra", onde permanecem algumas das construções mais imponentes dos portugueses em África. É nesta parte da Ilha que encontramos também casas e palácios coloniais, alguns com perto de 500 anos, edifícios lindos que nos fazem confundir aquele cenário com o de uma vila portuguesa. Mas o encantamento não acaba aqui! Como não iríamos estar muito tempo na Ilha, resolvi acordar logo às seis da manhã, com o primeiro raio de sol, para dar uma volta a pé. Comecei por ir à estátua de Vasco da Gama – situada num largo de calçada portuguesa, onde está também um dos maiores edifícios da Ilha, visível a vários quilómetros de distância, o Palácio de S. Paulo. Aproveitei o tempo que tinha para ao longo do caminho ir comprando algumas bugigangas, tarefa demasiado fácil porque em todas as ruas vários miúdos vêm ter connosco a tentar impingir alguma coisa, desde moedas do “século passado”, colares, até guias pessoais. Aliás, foi com um destes miúdos que soube das curiosas missangas do mar … Reza a lenda que os portugueses afundaram um barco árabe carregado de missangas que passava ao largo da fortaleza. Anos volvidos, as missangas continuam a dar à costa e os miúdos correm a praia durante a maré baixa, recolhendo matéria-prima para fazer colares e pulseiras. Voltando ao meu passeio – e com o tempo que tinha a esgotar-se – consegui ainda ver o edifício da alfândega, a igreja quinhentista de Santo António e o magnifico hospital da Ilha, que infelizmente está abandonado. Aliás, a grande maioria dos edifícios está abandonada e ameaça ruir. Os poucos comerciantes ainda em actividade sobrevivem da venda de alguns bens essenciais à população pobre que habita a Ilha, na sua maioria pescadores, que todos os dias se fazem ao mar em frágeis barcos de madeira.



Infelizmente, a Ilha de Moçambique encontra-se muito degradada e, nos últimos anos, tem sido restaurado algum do património edificado, quer por iniciativa de particulares que projectam novos alojamentos a pensar no desenvolvimento do turismo cultural, quer da cooperação europeia. Foi num desses projectos particulares que pernoitei: "O Escondidinho", situado mesmo no centro, é um belo sítio para relaxar depois de um dia de passeios e de praia (por muito stressante que isso pareca). É uma casa senhorial convertida em pensão por dois franceses que, tal como eu, se apaixonaram logo à primeira vista por este pedacinho de paraíso.

1 comentário:

solta disse...

BRUTAL a panorâmica! E brutal também a minha inveja do teu bronze ... ***